O Nel do Gina


Foi um afável amigo, bom 
companheiro de longos anos na nossa juventude. Vinha tal e qual

como eu, do seu habitar todos os dias apeado, para o seu local de trabalho na rua Doutor Domingos de Almeida Brandão, como exemplar alfaiate na Oficina do senhor Pinho (Falante) porta com porta ao Talho do meu pai Tomaz Gomes, onde também fiz a minha Universidade.

E que motivou o nosso constante encontro diário. que deu motivo à nossa profunda amizade.

Anos Cinquenta, começou por aparecer a publico as motorizadas com o seu motor auxiliar, de marca Luz, Paxancho, Expressooutras, que circulavam facilmente para todos os lados a que se destinavam as nossas saídas.

Sempre foi cliente assíduo das motorizadas do Zé da Farmácia, António do Alceu, Arlindo Gomes, Jorge Ribeiro e Aníbal Electricista.

Combinado o local a visitar, nas desfolhadas, bailes, Festas e Romarias. O Nel do Gina, nunca faltava, assim como no Velho Café Avenida, a jogar uma suecada ou bilhar russo (a maceira), ou então no estabelecimento do senhor Luiz Fernandes, na Lombela, no Bilhar dos Matrecos e também a sueca, que nestas modalidades ele, era um Campeão.

Anos Sessenta: Por obrigação ao serviço Militar eu segui para as Caldas da Rainha, para a Infantaria

Ele seguiu para Lisboa, para a Força Área.

Aqui digo: "A Vida é Um Destino e não Uma Viagem..."

Acabei a recruta fui mobilizado para a Índia, por classificação elevada na Escola de Cabos, não segui, com os Cambrenses, António Pina e Nel Mascato, meus colegas no Quartel das Caldas.

Mas surge o tal destino, pouco tempo depois de eles terem  seguida para a Índia, fui também incorporado no Batalhão de Caçadores no 114, para Angola.

Estava eu, no cais de Alcântara, para subir para o navio Niassa, em 28 Maio de 1961, quando o Nel me aparece com a sua habitual simpatia, a oferecer-me coragem na partida e sorte na guerra que íamos todos enfrentar.

Passados oito dias do nosso estacionamento no no Liceu Feminino em Luanda, que ainda estava em final da sua construção, fui surpreendido com a presença do Nel a chamar por mim e pelo meu número de Cabo, aquele habitual abraço, como sempre foi nosso habito pela enorme amizade que sempre nos Uniu.

Segui dias após, para a Barragem das Mabubas e ele, ficou em Luanda. Em Agosto do mesmo ano fui ferido no joelho esquerdo, no local de Quicabo, e tive que vir para o Hospital de Luanda e depois, em recuperação por alguns dias, para casa do meu Tio Zé Moleiro na companhia dos meus primos Orlando e António, assim como companheiro hospedado o senhor António Cuco da Quinta da Ucha. Durante todo esse meu tempo até ordens para seguir novamente para o mato, sempre o Nel, nas suas horas mais libertas vinha ter comigo, com a sua motorizada Florete. e dávamos umas voltas com os meus primos, e outros Cambrenses, que ali governavam a sua vida à procura de uma vida melhor para si e todos os seus.

Frequentávamos muito a praia da Ilha e Baía, o Cinema Avis o,estabelecimento da Lindocas e outros mais, sempre sem a farda que um e outro envergava.

No Bairro Popular, junto do carro do senhor Alberto da Farmácia terminei a minha guerra no Norte e fomos até ao Leste mais, propriamente Vila Teixeira de Sousa, e ele ficou em Luanda mas sempre trocávamos correspondência, até que chegou o momento do final da comissão em terras de Angola e chegamos ao Lobito, no Navio Vera Cruz, que estacionou em Luanda e que ele junto do meu tio e primos, esperava a minha voz que da janela lhe digo "anda para o Puto", não porque vou estabelecer-me com um alfaiate aqui em Luanda e já tinha adquirido uma moto em troca da motorizada Florete.

Moto esta, que o atirou para a sua morte poucos meses após a janela do Navio Vera Cruz, onde trocamos as nossas últimas palavras, em 04 de Julho de 1963.

E que passados mais de sessenta anos da nossa profunda amizade, hoje lhe testemunho neste meu simples texto, as minhas mais que sinceras HOMENAGENS e que descanse em Paz.


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