Bilhas de Transporte de Leite



Foi modelo igual a esta que, nos anos 50 eu esperava junto da Barbearia Martins, a Camioneta da Firma Martins & Rebelo, conduzida por vários motoristas, mas o que mais me transportava era o senhor Abraão Ferreira, que ia apanhar o leite até à Gralheira neste tipo de bilha e que também juntava muitas das vitelas que o meu pai dias antes as tinha adquirido e que mandava com umas cordas apanhar de curral em curral e das quais, muitas que me acompanhavam o senhor José Vieira de Souto Mau e o senhor Zé do Padre de Arões.

Deixávamos umas nas Lameiras, junto da Casa dos Cantoneiros, e do senhor Pinto Cantoneiro, e outras em Campo de Arca, presas à Cerejeira defronte à loja tasca do senhor José Maria.

Então estas vitelas eram colocadas na Camioneta do Leite e junto a Bilhas iguais, que eu, tinha a preocupação de evitar que a sua sujidade caísse em cima das Bilhas e apanhava nas mãos e de imediato jogava para a estrada. E quando chegávamos ao Matadouro, descarregava as vitelas e de vassoura e Balde, lavávamos o restante para que a camioneta chegasse à fábrica sem que o seu gerente, o senhor Alberto Sousa, não aborrecesse o senhor Abraão Ferreira, era pessoa de imensa amizade com o meu pai e que deu motivo a transportar milhares de vitelas durante muitos anos, que também as acompanhei na minha adolescência.

Mas também tive neste meu percurso da vida, algumas vitelas que procurava em casa dos seus donos e a mando de meu pai, quando o local era mais longo, elas com cascos jovens sangravam e  cansadas, se deitavam no solo, por alguns momentos e por vezes não se levantavam mais, então procurava coloca-las num dos combros mais altos até que lhe metia as cordas nas suas patas e com a força e jeito dos meus ombros transportei muitas até Areias, minha casa, com momentos em algumas que faziam as suas necessidades por mim abaixo, muitas também transportadas na companhia da Tia Eufrásia, sua filha Maria e neto Manuel, das zonas de Dornelas, Janardo e Cavião, tudo estes percursos eram feitos a pé e ao sabor do seu tempo.

Quando eram dos lados de Ossela, tinha sempre um grupo de vizinhos e bons colegas, o David do Canastras, Piri e seu irmão Mário do Pintalhão, os irmãos Vilares Manuel e António, estes eram os companheiros sempre presentes no transporte das vitelas comigo.

Quando mesmo aos domingos o meu pai, chegava ao inicio do Caminho Novo, que sabia que ali estávamos a jogar a bola de trapos velhos que fazíamos. Ele chegava com as cordas atrás das costas e de imediato chamava:"- Arlindo vem cá , vai a Ossela à  casa do senhor Manuel Castro e trás uma vitelinha que o teu pai tem lá comprada, e o jogo a partir deste momento terminava e então estes bons e inesquecíveis amigos lá me iam fazer companhia.

Eram na realidade amizades, que perduravam por muitos anos e que acabaram por ficar nestas

"MEMÓRIAS DA VIDA"

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